Quem é o político russo preso após pedir cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia
Lev Shlosberg, opositor de Putin, foi detido por “desacreditar” o Exército ao pedir pelo fim do conflito
Internacional|Do R7
Lev Shlosberg, político de oposição russo e membro sênior do partido liberal Yabloko, foi preso na terça-feira (10) em Pskov, cidade próxima à fronteira com a Estônia, acusado de “desacreditar” as forças armadas da Rússia.
A detenção, segundo as agências -Presse (AFP) e Reuters, ocorre após Shlosberg, de 61 anos, pedir um cessar-fogo na guerra contra a Ucrânia durante um debate em vídeo publicado em janeiro deste ano na rede social russa Odnoklassniki.
No debate, realizado com um historiador, Shlosberg descreveu a guerra como um “xadrez sangrento”. “Precisamos primeiro parar de matar pessoas. Se alcançarmos a paz, recuperaremos a liberdade”, disse.
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O partido Yabloko disse ao jornal The Moscow Times que as autoridades revistaram as casas de Shlosberg, da esposa e do pai dele, que tem 96 anos, e apreenderam dispositivos eletrônicos. O escritório do partido também foi revistado.
Shlosberg, que já foi multado duas vezes por acusações istrativas semelhantes, enfrenta agora um processo criminal que pode resultar em até cinco anos de prisão, sob uma lei aprovada em 2022, logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A legislação russa tem sido usada para reprimir dissidentes que criticam o governo ou a guerra, segundo a Reuters. Dezenas de opositores fugiram do país e o principal líder da oposição, Alexei Navalny, morreu em uma colônia penal no Ártico em fevereiro de 2024.
Shlosberg nega as acusações de “desacreditar” o Exército, informou o Yabloko. Ele cumpre prisão preventiva e deve comparecer a um tribunal nesta quarta-feira (11) para uma audiência que decidirá a detenção.
Opositor remanescente
Shlosberg é uma das poucas figuras da oposição que permanecem na Rússia, onde a repressão contra críticos do governo se intensificou desde o início do conflito na Ucrânia, segundo a AFP.
Ex-deputado da assembleia legislativa de Pskov entre 2011 e 2021, ele é conhecido por lançar duras críticas ao presidente Vladimir Putin. Em 2014, foi destituído do cargo após publicar um artigo alegando que paraquedistas russos mortos em uma operação clandestina na Ucrânia foram enterrados em Pskov.
Rotulado como “agente estrangeiro” pelo Ministério da Justiça russo em junho de 2023, Shlosberg também enfrenta outro julgamento por descumprir a lei, o que pode levar a até dois anos de prisão, segundo o The Moscow Times.
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